Antologia de O Mal: Silvina Rodrigues Lopes
Graffiti.
Sobre o muro preto da fotografia ocultava-se um nome. Estava escrito na pedra sob os corações. Escrito pelos acidentes, detritos, gritos da revolta e do amor. Nenhum de nós sabia, foi em 1950. Brassaï passou numa rua de paris, cidade onde 23 anos depois o branco da neve e o vermelho de um primeiro grito formaram a figura que ficou invisivelmente escrita em corredores onde ninguém respondia. Em 2000, quando acabou o mundo, viu-se o nome que assinava. Um graffiti é sempre assinado- os nossos olhos, mãos, ossos, coração, terra, terra, terra, terra.
Hoje o meu peito é o muro e os estilhaços são estas palavras descontroladas. Repito o irrepetível.
Silvina Rodrigues Lopes, in Sobretudo as vozes,
Edições Vendaval, 2004
Sobre Silvina Rodrigues Lopes cf Juraan Vink, nos Universos Desfeitos.
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