Mulheres Socialistas
Sigmar Polke
Tenho poucas amigas. Mas durante a semana nenhuma me manifestou a sua repulsa pela preferência masculina do primeiro ministro no que diz respeito à formação do governo. O governo e a sua composição é um assunto de pouquíssimo interesse para as minhas amigas. As minhas amigas são secretárias de empresa, auxiliares de acção médica nos hospitais da capital da saúde, floristas, bancárias, balconistas com contrato a prazo. Ultimamente também conheço uma ucraniana que toma conta de uma senhora de idade, concorreu aos Correios e me procura enquanto não editam o primeiro dicionário técnico Ucraniano-Português. Interessam-se pela presença de mulheres no governo, claro. Se fossem ouvidas por uma cadeia de televisão eram capazes de dizer que defendiam a paridade. As coisas que uma pessoa é capaz de dizer quando fala para a televisão. Mas todas bocejariam se falasse de política. E nenhuma se classificaria a si própria como uma mulher socialista. Mulher Socialista não conheço. Nunca me apresentaram nenhuma. Gostava de conhecer, mas não tenho o prazer. Mulher Socialista inscrita no Departamento Nacional do Partido Socialista é para mim difícil de conceber. Acredito que existam. Às vezes escrevo do que não existe. Às vezes vivo do que não existo e sou nada, pó de nada, e sinto-me bem nesse vazio. Mas não é o caso ao escrever isto. Não me sinto bem. Deve ser a isto que chamam misoginia.
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