Saboteur
Comovo-me com todas as vitórias e entristecem-me todas as quedas. As convicções que sinto não chegam para a política, para a guerra, para o futebol ou para o amor. Quando a Sofia escreve, este blog tem classe. De certa forma Bonirre foi-se com Lopes e com o declínio da insularidade do Mal. A contribuição mais recente de André Bonirre para a blogosfera foi a criação do blog da vizinha (link em breve). Foi bom, mas não chega. PC faz a travessia do deserto da Física. Li algures que o universo é constituído por cinco por cento de matéria ordinária, vinte cinco por cento de matéria escura e setenta e cinco por cento de energia escura. O PC é matéria escura. A Sofia é energia escura em expansão. A energia escura não tem convicções. Basta-lhe existir à sua maneira. Eu sou inclassificável. Quando li As três Verdades do jesuíta Pierre Charron detive-me na classificação dos descrentes: Os “deístas, ou últimos ateístas” acreditam “num vago deus, impotente, indiferente, sem cuidado nem providência”. Tal como eu, pensei. Os cépticos, continua Charron, duvidam de tudo e recusam pronunciar-se. Assim se passa comigo, sobretudo quando convivo demasiado com Bartleby. A terceira categoria, é a dos verdadeiros ateus “ que declaram não ver sinal algum de Deus” e esses são, para o jesuíta, “raros” por “deverem ter uma singular força de alma”. E sou também desses, embora não declare e não me sinta nem forte nem raro. Partilho assim de todas as características dos descrentes de Charron, por excesso de convicções ou por falta delas, consoante as marés, as concentrações de neuromediadores, as estações do ano, o fluxo e refluxo da ansiedade. A Sofia devia escrever um pouco mais para retirar este blog da normalidade, do comentário político, da ideologia. Na segunda guerra os resistentes franceses tinham uma canção que dizia aos alemães: Vocês constroem as linhas de caminhos-de-ferro. Nós sabotamo-las. Completamo-nos, devíamos entender-nos.
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