Lamento da manhã
Mas porque é que me hei-de preocupar? Interessa-me lá se a encomenda da Redoute vem aberta, se o registo está mal preenchido, se a fila tem vinte e quatro pessoas, se os pensionistas só recebem oitenta euros, se o aviso de recepção do senhor Freitas vem outra vez devolvido. Interessa-me, pronto. E acordo de manhã a pensar nisso. Pensar nisso, mais do que estar ao balcão, é uma coisa insuportável. Dois neurolépticos, um ansiolítico, um antimigrainoso e um substituto da nicotina. No que eu me tornei, eu que era tão forte de espírito, tão seguro de tudo, tão fadado para a ajuda e o committement. Os Correios deram cabo de mim.
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