Na Sistina
No Colégio Cardinalício decorria a contagem de votos. À terceira vez que Frohberg, o cardeal designado para escrutinador, anunciou o seu nome, Ratzinger baixou a cabeça e permaneceu assim até à aclamação. O cardeal Marco Forlini estava sentado em frente a Ratzinger. Forlini vive no Vaticano e está farto da Sistina porque acompanhou a restauração como delegado do Colégio Para a Preservação dos Santos Lugares Romanos. Nada o distraia do espectáculo de Ratzinger em frente ao seu destino. Quando Frohberg contou cinco vezes seguidas o nome do alemão, Forlini pensou que os reformistas se tinham entendido com os italianos do Centro. Gente sem dignidade, resmungou para o cardeal Guido Tachiani, ao seu lado. Mas a contagem continuava, avassaladora para Ratzinger. Forlini espantou-se de não ouvir o seu nome nem o de Salvio Demetrius, o bispo de Torino, em quem o seu grupo combinara juntar os votos desde que João Paulo deixara de os reconhecer. A certa altura perturbou-se com a idéia de que Deus talvez existisse e tivesse alterado os boletins, escrito o nome do alemão por cima de todos os outros nomes. Ratzinger parecia perdido. O cardeal de Filadélfia disse que ele rezava. Mas o cardeal de Filadélfia estava longe. Se Ratzinger rezava só ele o poderá dizer. Ele e o Patrono da ICAR.
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