06 junho 2005

Mondovino, o filme


Um filme-documentário sobre o vinho, realizado por um homem do meio (Jonhatan Nossier, França 2004) que o dedica aos pais. A agonia dos produtores das regiões históricas de Bordéus, Borgonha, Norte de Itália, Sardenha. A súbita riqueza do vale de Napa e dos Mondavi. O papel de Robert Parker, o jornalista, do Wine Spectater e de Michel Rolland, o enólogo, fundamentais para a legitimação do produto, a elevação à categoria mítica e a uniformização do gosto dos consumidores.
Um filme com grandes personagens: Hubert de Montille e Aimé Guibert: “O vinho morreu. Sejamos claros, o vinho morreu. E não apenas o vinho, mas também os frutos. Os queijos... “
Eles, os pequenos propietários que no sul de França, contra a corrente resistiram aos Mondavi, são os verdadeiros aristocratas. Muito mais que os ridículos Frescobaldi e Antinori de Florença, saudosos de Mussolini.
O filme é genial em apontamentos onde surgem personagens como o antigo maire socialista, o enólogo em ascensão, o homem do vale perdido da Argentina, o inenarrável Parker. E uma angústia que perpassa pela soturnidade da família Mondavi, a agitação permanente de Rolland, a decadência dos nobres de Florença, o medo dos habitantes de Aniane, a brutalidade dos senhoritos da finca argentina, a sombra do Fórum Anti globalização.
O momento mais forte do filme é a prova com Alix de Montille, a rapariga que diz dos vinhos de agora: “Ce sont des vins qui vous en foutent plein la gueule dès le départ. Ou qui sont tout en rondeur, et qui vous lâchent d’un seul coup ».
Mondovino é um filme. Talvez por isso a sua exibição passe quase despercebida (está no Millenium Avenida, em Coimbra). Os críticos das estrelinhas deram-lhe três. Que tenham bom proveito.

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