28 junho 2005

Poema



Muitas vezes me perco
eu não sou bom
não sei ler mapas consertos decisão
essas coisas que os homens
naturalmente fazem e que no fundo
são o andaime dos dias


Além disso não tenho consistência
canso-me dos amigos
envelhecem-me cedo de mais convicções
arrefeço no meio do entusiasmo

e sou governado por forças obscuras
o abismo a ruína
o medo da miséria
um fulgor mais breve
a face letal do desejo

Não cumpri nenhum alto desígnio
se os houve
que na infância os meus pais
trocaram em silêncio

e troco o ouro por metais vis

Às vezes sinto-me cansado
outras pronto para grandes caminhadas

se me ensinasses a andar
no sulco dos teus passos seguiria

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