11 julho 2005

Abro a janela e vejo os fogos

Se eu fosse agricultor
numa terra por onde passasse o Tour
Ou livreiro em Buenos Aires,
Ou criado de mesa no Restaurante
Armas de Quito
Ou investigador no projecto Freeze, última fronteira,
Seis meses de reclusão na Antártida
num igloo a abarrotar de massa crítica
Ou se pedalasse pelo mundo
(em breve na Argélia
com notícias no site
pedaliandoelglobo.com)
Ou se fosse secretário
Assessor conselheiro
de miss Kidman
Ou me encarregassem de investigar
O crime da Poça das Feiticeiras
Ou fosse professor estagiário
Doutorado sem Mestrado
Ou fosse boxeur e me dessem
A porrada que dizes que mereço
Mas no final ganhasse
E fosse sagrado campeão dos pesados
Se Coetzee me mandasse o manuscrito
Do livro de memórias
Se soubesse apurar o refogado
Comprar fronhas que sirvam na almofada
Lembrar-me do dia de anos
Da Rosarinho
Se tivesse massa para comprar
O Libretto da Toshiba

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