15 julho 2005

Os Ossos



É nos ossos que está o sangue primitivo
O que leva as células- mãe, o que não escorre
É nos ossos que endura,
A menos que arda,
A mensagem cifrada que nos guia.

O que no fémur sempre me enternece
É a ligeira anteversão do colo.
O grande osso das pernas
Rodando no ilíaco,
descendo para o redondo perfeito
do joelho

E as espinhas ilíacas são uma vertigem.
Agora expostas
quase sempre cegam.

Das vértebras cervicais
os japoneses sabem.
E a curva das dorsais
é que projecta as mamas.

Os do metacarpo alongam
as mãos mais curtas.
E o astragalo? Experimenta como
dizê-lo pode mudar um dia.

E os ossos que viram para trás: o sacro,
O occipital, concavo de outra mão,
esse osso duro do cotovelo.

Os ossos com que nos olham:
Os malares, a cabeça dos úmeros,
As clavículas
A sínfise do púbis
onde (não devia ainda revelar)
Borges cegou
com o brilho do Aleph.

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