O tripulante Fernandes
A bomba de Hiroshima, 60 anos depois, lançada pelo José Manuel Fernandes. Fernandes revisita o ano de 1945, depois da queda de Berlim e interroga-se, e a nós todos, sobre o que faríamos no lugar de Truman. Não chega a responder. Mas conclui com uma citação relativista. Naquele contexto…
O contexto era o da guerra absoluta. Na guerra absoluta os Estados Unidos tinham desenvolvido antes dos outros a arma absoluta. “O investimento colossal dessa investigação …não autorizava que um presidente não tirasse partido da nova arma.” Esta justificação é a do poder imperial. Porque é que invadiram o Iraque? Porque se tinham preparado para o fazer e tinham os meios, lembro-me de ter ouvido na altura. Fernandes diz que se recusa à contabilidade dos mortos para justificar a bomba. Mas fá-la. E nessa contabilidade, como se sabe, os nossos mortos contam sempre muitas vezes.
Há quem pense que a bomba atómica foi lançada para mostrar quem é que mandava, no mundo que emergia de Yalta. Também aqui Fernandes encontraria um motivo aceitável para largar a “Little Boy”. Há sessenta anos o Enola Gay levava doze tripulantes. Nenhum sabia exactamente o que ia largar sobre os 350.000 habitantes da cidade de Hiroshima. Hoje Fernandes sabe. Merece um lugar de destaque no B-29.
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