05 agosto 2005

Uma pausa para arder

Ante a nossa indiferença arde o país. Arde o tojo e a urze, o rosmaninho e a carqueja, aquilo a que vocês chamam o mato. Ardem os carvalhos e as azinheiras e arde sobretudo o eucalipto que cresceu nos terrenos ardidos. Ardem as pequenas espécies: as abelhas, a lesma e a salamandra, o ouriço e os roedores do campo. Morrem aves e a primeira a morrer é a perdiz. Morrem velhos cujas cinzas ninguém reclama. E um bombeiro pago a dezassete euros ao dia de fogo.
Quando vierem das praias não olhem para os lados. Pode o vosso olhar apiedar-se. É uma questão de decoro. Eu não volto a escrever enquanto arder assim.

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