Lúcia na rede com sorriso
Ao fim da tarde, depois do café (agora temos uma máquina Krups para duas chávenas simultâneas, um exemplar semelhante ao que vendemos a 14,55 Euros/mês) e do espumante, falei-lhes da história dos Correios. Brevemente. Porque têm compromissos. O horário das creches, passar pelo supermercado, a ama que telefonou. Como responsável, e de acordo com as instruções, coube-me lembrar que àquela hora decorria, na Fundação Portuguesa das Comunicações, a Sessão Solene das Comemorações do Dia Mundial dos Correios, com a presença do Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, do Presidente da ANACOM, Pedro Duarte Neves, e do Presidente dos CTT, Luís Nazaré. Igualmente lembrei que nessa ocasião seriam revelados os prémios do Concurso Epistolar de 2005 e lançado o Concurso de 2006, aproveitando para pedir aos colegas que têm mais contacto com o público para não descurarem a promoção desta iniciativa. Justifiquei as ausências do Sr. Matos e da Dra. Filomena. O primeiro recebia a insígnia de dedicação e ouro atribuída aos trabalhadores com 36 anos de serviço, a segunda deslocara-se à reunião preparatória da Conferência Mundial sobre a Sociedade da Informação, a realizar-se em Tunis. Nesse momento propus que brindássemos aos dois, a um e à outra e a uma e ao outro, o que todos fizeram, excepto o Guedes dos Produtos não franquiados, um invejoso. São estas as instruções do Departamento para a Coesão, e eu sigo-as sem dificuldade desde que em Turim, como delegado português, me pude aperceber da importância destes momentos na formação e desenvolvimento da afiliação e vinculação empresarial.
O tema que me propusera tratar era o da importância dos receptáculos postais, criados em 1799 por Dom José Diogo de Mascarenhas Neto, Superintendente Geral dos Correios e Postas. Quando iniciava esta parte da minha intervenção, a mais pessoal, comecei a ser traído pelas redes neuronais dos meus processos cognitivos. Era como se Lúcia, não em Estrasburgo mas num país tropical, se baloiçasse nas redes neuronais contíguas à evocação da efeméride. Lúcia é uma mulher que na atitude, maquilhagem e indumentária transmite uma noção de classicismo. Porque diabo me havia de aparecer, naquela ocasião, de top curto e cinta baixíssima. Assim Lúcia espreguiçava-se e estendia uma perna lindíssima, prendia um calcanhar numa malha da rede neuronal, via-lhe os músculos tensos da perna e revoltava-me, embora soubesse que os processos cognitivos não são regidos pelas normas da razão nem sensíveis à intencionalidade. Foi um momento breve de perturbação, devo dizer. Lembrei-me de me terem dito que não devia resistir à minha discursividade interna. E deixei Lúcia estirar-se nas redes neuronais. Os conteúdos semânticos dedicados à minha alocução sobre Dom José Diogo e as caixas postais, não precisavam aliás daquela rede, pude comprová-lo. E falei, com alguma fluência e aparente agrado, enquanto o peito se me derretia no sorriso de Lúcia.
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