02 outubro 2005

Orgulho

Orgulho-me dos meus colegas de trabalho nos Correios. São dois e são perfeitos. Dão-se tão bem. Escrevem relatórios sobre o difícil funcionamento dos Correios, a resistência dos funcionários à necessária mudança. Falam da mesma maneira, polida e sem ênfase. Têm uma complexa e antiquada forma de tratamento que lembra as peças dos autores russos no teatro radiofónico . Ela diz: - O Matos já leu o meu relatório de ontem? Ele responde: - Sim, claro dra. Filomena. Deixei uma cópia com anotações na sua secretária. Ela baixa a cabeça com aprovação. Era quase humanamente impossível naquele espaço de tempo, ter lido o relatório, escrito anotações e ao mesmo tempo cumprido as obrigações do atendimento público da Estação. Mas ele fê-lo, para corresponder ao esforço dela, que numa semana elaborou um relatório tão perfeito sobre o estado das reformas após as privatizações. No fim do dia vêm entregar-me o relatório final. Está escrito no inglês de madeira dos relatórios, perfeito como eles, até as referências bibliográficas estão de acordo com as normas de elaboração dos relatórios. Eles querem enviar para publicação no Post American and European News. Isto se a chefia não vir objecções, evidentemente. Queria dizer-lhes que me orgulho deles. – Orgulho-me de si Matos e de si também dra. Filomena. Ou seria mais correcto dizer :- Orgulho-me de si dra. Filomena e de si também Matos. A questão da precedência das autorias tolhe-me a voz.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial