A Revolta dos pastéis de nata
A revolta dos pastéis de nata, que até agora vi apenas aos soluços, parece-me um bom programa. Opivot (Luís Filipe Borges) tem uma voz rara, uma cara expressiva e uma grande sensibilidade para conduzir os entrevistados. O tom é ligeiro. Os temas profundos. O de ontem era a religião. Um dos convidados, um padre simpático, mostrou as limitações da Igreja quando decide ser moderna e descer aos sítios da gente normal. Depois de uma cena teatralizada sobre a Virgem Maria, foi perguntado ao padre o que pensava daquilo. A resposta dele foi a mesma que os rapazes árabes dos bairros dos arredores de Amsterdam deram aos jornalistas que procuravam reacções à decapitação de Theo Van Gogh: "Sabe, há muitos católicos para quem estas coisas podem ser tomadas por blasfémia e terem reacções terríveis." E lembrou a fatah a Rushdie depois dos Versículos Satânicos. Toda a prestação seguinte foi igualmente decepcionante: a desvalorização da Inquisição, a eleição do "matrimónio" como o problema central das suas preocupações, a explicação do Céu e do Inferno. O padre era moderno: usou a palavra catrézada várias vezes. Sereno, aguentou sorridente a provocação evidente das cenas que o produtor ia teatralizando e o ateísmo descomplexado da outra convidada. Mas não se percebia de onde lhe vinha a fé , nem através dele me chegou a graça.
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