Barca Velha 1 - António Barreto 3
António Barreto escreve aos domingos no jornal de que JMF pensa ser director. No passado domingo – foi há quatro dias mas eu preciso deste tempo para metabolizar as crónicas de Barreto – o tema era a região duriense. Barreto é um reputado especialista desta região. Autor de Um retrato do Douro e de Douro (edição INAPA, 1993, com fotografias de que é proprietário) foi com ele que aprendi o que era a Companhia, criada há 250 anos pelo rei José e pelo ministro Sebastião José Carvalho e Melo. O Estado do século dezoito. No artigo em questão, Barreto celebra o progresso recente da região. Hotéis de qualidade, estradas razoáveis, navegabilidade do grande rio, processos completamente renovados de viticultura e de vinicultura. (Estou a citar de cor que o artigo não está on line nem eu guardo o jornal de que JMF pensa ser director.) Símbolo dessa mudança é o Barca Velha. Barreto alegra-se com o facto da casa produtora ter declarado o ano de 1999 ano de Barca Velha. A alegria é geral embora no nosso caso se trate de uma alegria semelhante à que sentimos quando miss Kidman é beijada na tela. Depois Barreto relata o encerramento de três belíssimas linhas de caminho de ferro da zona pela CP e proclama: Iniciativa Privada 5 – Estado 0.
Uma proclamação deste tipo ficava bem ao meu vizinho, que escreve uns artigos de opinião num esforçado jornal local e aderiu ao liberalismo económico sem saber bem porquê. Ora Barreto quando fala do Estado sabe de quem está a falar. Não é do Leviatã do meu vizinho. Não é do senhor ministro e do senhor subsecretário, do senhor director geral e da senhora chefe de gabinete, do senhor presidente da FCT e da senhora presidente do Grupo de Contacto. Está a falar do Gonçalo e do Martinez, do João Bernardo e da Maria da Graça, do Themido e da Josie. Que foram antes membros do Conselho de Administração da CP, da EDP, da Sonae, do BES, do Grupo Mello, da Auto Europa. Que têm uma especial sensibilidade para os legítimos interesses, já não digo das populações das linhas durienses, mas do Grupo Pestana, da Câmara de Comércio, do Grémio de Exportadores do Vinho do Porto, da Cockburn.
Era domingo de indignação nas páginas do jornal de que JMF pensa ser director, como o Gato Fedorento explicara na véspera. E não custa nada bater no Estado, esse gordo malvado que nunca mais se reduz às suas verdadeiras funções e rende sempre lavar uns panos na barrela liberal. Mas da próxima, sugerimos a Barreto que guarde a indignação e mande um mail à Maria da Graça ou à Josie.
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