09 março 2006

A noite (cont...) ou Gib Ganb




A Noite
nunca existiu.
Digo isto de noite.
E embora não veja nada
esforço-me por pensar que esta
é a luz da noite solar
nos planetas dos círculos distantes.

Há quem tenha a crença
ligeiríssima
de viver na mão de deus.

Eu vivo na noite das galáxias
onde o universo
se estrangula
como a garganta da ampulheta

Outras vezes
vivo nos bordos.
No sertão do universo.

Vou à velocidade da rotação
da Terra embalado na oscilação
do sistema solar sentindo
o tremor discreto da galáxia.
Um pouco apreensivo com
a contracção do universo.

Este movimento não invalida
a sensação de estar parado.
Dir-se-ia que estou parado.

As minhas crenças são todas
ligeiríssimas.
Quase não existem.
Como a noite.


(foto: Hotel Univers, Nantes; Título modificado após coment. do PC)

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