Porque falamos tanto
Robin Dunbar explica que a função da linguagem não é a de transmitir informações úteis, práticas, relativamente aos modos de fazer. Quando um interlocutor a utiliza para esse fim, garante ele, adormecemos de tédio. A linguagem serve sobretudo para exprimir intencionalidades de grau elevado. Para falar dos outros, que nos rodeiam. Saber que P., que agora anda com Q., pretende que o faz sobretudo para atingir com isso R., levá-lo ao desespero e assim ter o caminho aberto para S. A linguagem serve para enganarmos. Para dizer por outras palavras, porque as verdadeiras palavras não dizem quase nunca, claramente, aquilo que claramente nunca percebemos. O que precisamos de perceber é como nos havemos de mover no terreno movediço do grupo social alargado. Quem nos quer mal? Que aliados temos? Que alianças estão em vigor? E quais as que se desfizeram? Que armadilhas se urdem? Estar preparado para isso exige um fluxo contínuo de informação. Para isso falamos. Quase todo o tempo, falamos. Na torrente das palavras afinamos a informação necessária para a guerra, a única guerra, a grande guerra que travamos com a nossa tribo.
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