Uma mulher do Mal: Catherine Elise Blanchett
Compro o jornal porque tem um CD de jazz anexo. Um tablóide. Uma página inteira sobre o assalto à prisão de Jericó onde, quem como eu não lê jornais, fica sem perceber o que aconteceu. Onde fica Jericó, sob que autoridade administrativa, porque foi atacada a prisão, o que estavam lá a fazer os observadores internacionais, porque se retiraram, quem foi raptado em retaliação, quem raptou? Uma notícia de fundo de página sobre um colóquio de Ramonet em Lisboa. Deserto de conteúdo informativo. Em contrapartida ficamos a saber tudo sobre os ferros que mataram Vanessa. Salva-se o jazz. José Duarte e Manuel Jorge Veloso. Eu só leio jornais para ouvir Gerry Mulligan a tocar Valentine nos finais dos anos cinquenta. Quando quero ler algo verdadeiramente bem documentado, interessante, que seja presente, passado e futuro promissor, que não esteja subordinado às agendas mesquinhas dos chefes de redacção e a jornalistas que escrevem sobre Jericó, Natália Correia, Ramonet sem sequer ir ao mapa, quando a necessidade de redenção é imparável, compro a Harper’s Bazaar e vejo a Cate Blanchett, o corpo só vestido de luz, brocados que têm a cor dos altos dias da menstruação, corpetes que apontam para os ombros de Cate, cetim, rendas de pérolas, um bustier de Vivianne Westwood segurando os seios de Cate como duas rolas.
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