08 abril 2006

Aleluia

Não deixe pão, por favor. É sábado e vamos à aldeia. Hoje nasceu a menina. Veio de olhos fechados e esteve assim toda a Páscoa. As pessoas perguntavam: - De que cor são os olhos da menina? – Se está acordada porque não abre os olhos? Hoje, para teu alívio, a mulher escrevente, a mulher emocionada, lá cumpriu a sua obrigação semanal. Na aldeia mataram os cabritos para os primos da cidade e eles comem devagar, com medo da noite. – Come José, que há muito cabrito, prova-me este queijo, e que dizes ao vinho? O corpo chegou de Angola. As mulheres choraram, habituadas à morte dos homens. Este era um rapaz e nem estava doente. - Não podermos vê-lo. - Como é que vamos habituar-nos à ideia?
- Aproveita para dormir. Ou vai pôr as chagas ao sol a ver se cicatrizam. Diz que o sol tudo cura, tudo fecha. Mas tem de haver algum sangue debaixo da pele. Tem de haver pele. - Toma cuidado com as moscas. Enxota as moscas, que trazem a infecção nas patas.

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