Já nem da Póvoa somos, meu senhor.
Na Pública do passado fim de semana, Alexandra Lucas Coelho entrevista António Hespanha, sobre o pessimismo nacional e as suas raízes históricas. As respostas de Hespanha estão à altura das perguntas e são o reflexo de um pensamento honesto, de quem interroga a história à procura de ideias condutoras e encontra a fragmentação. A fragmentação geográfica, a fragmentação social, quebrando toda a ilusão de unidade, directriz, espírito do tempo. As respostas de Hespanha são contraditórias, como Alexandra lhe faz notar. De vez em quando, o historiador, habituado às sínteses, à identificação com as elites culturais, acredita. Mas logo a seguir o pesadelo volta. E o pesadelo não é a fragmentação, mas a unificação operada por uma televisão controlada por um poder sem rosto e sem noção do passado, hábil no emprego dos meios técnicos, espalhando o pó das coisas fúteis, falando a todos como se todos fossemos as crianças sábias e ignorantes dos morangos.
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