Difícil é ser tigre
Ontem, um rapaz do Equador chamado Iván Kaviedes marcou um golo e, na cerimónia de comemoração, colocou uma máscara do Homem Aranha, assim repetindo o ritual de Otilino Tenorio, o avançado titular da selecção equatoriana, morto contra um camião antes do Campeonato.
Hoje às 18:00 no TAGV de Coimbra, Ana Luísa Amaral vai ler poemas de Alexandre O'Neill. Um Adeus Português e Albertina ou o insecto-insulto, diz o jornal.
Difícil é ser tigre.
Um tigre mete o pé como fez Kaviedes. No trajecto velocíssimo da bola, para o espaço aberto do festejo. Mete o pé contra Mourinho, a humilhação de ter jogado apenas quinze minutos na liga portuguesa, devolvido ao clube de onde viera de empréstimo.
Difícil é ser só savana em estado liso.
Um tigre prefere às dores inventadas as reais. Não tropeça de ternura como um adolescente.
Ou talvez só se possa ler Um adeus português numa tarde de Verão, contra as vitrines de um Teatro de província, ou pôr a máscara de um malogrado futebolista de vinte e cinco anos, depois de, do neurónio ao instinto, ter sido tigre.
(Ana Luísa Amaral lê O'Neill hoje às 18:00h no TAGV de Coimbra. Iván Kaviedes joga no dia 20, às 20:00h, em Berlim, contra a Alemanha )
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