Hezbollah fashionable
O post guerra amplia a tragédia. Nos nossos jornais, depois de ter ganho a batalha mediática, o Hezbollah transforma-se em vedeta. As fotos são de funerais de militantes. Os especialistas militares, analistas, politólogos, directores de gabinetes de estudos, professores de ciências políticas estão fascinados pelo Hezbollah. As armas, a táctica, o perfil do dirigente máximo são erigidos ao estatuto de vedeta. Os jornais de referência continuam a exibir o grafismo poderoso do Hezbollah, uma mistura de orientalismo com fascismo fashionable. A segunda página do Público é dominada por uma foto da AFP: sobre um fundo de mulheres enlutadas, Hassan Nasrallah, de perfil, mão direita levantada, num cartaz onde se lê a frase the Divine Victory numa encenação cuidada de agência publicitária bem ao gosto dos destinatários: os europeus.
Há uma semana, Isabel do Carmo disse que o Hezbollah era um partido político e a afirmação parecia ousada. Bastou uma semana para o Hezbollah ter ganho, pela mão dos fotógrafos e outros esteticistas de guerra e com a caução dos nossos críticos embevecidos o estatuto do estrelato. O debate democrático em curso em Israel não vale nada face ao barulho das botas.
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