Visto da Síria
Daniel Oliveira assina no seu blog um conjunto interessante de posts sobre uma recente visita à Síria. Um deles, o mais político, relata a esmagadora adesão popular ao Hezbolah avaliada por uma sondagem de jornal e termina:
A arrogância israelita, o apoio que recebe do Ocidente e a incompetência e corrupção das ditaduras árabes – incluindo as que se disfarçam de democracias e são apoiadas pelo Ocidente (que são a maioria) – tem sido a lenha que nos irá queimar.
Vamo-nos queimar. O fogo vem das massas árabes, convivendo pacificamente com ditaduras dinásticas, censura, repressão política, cultural, religiosa e sexual, tortura, desaparecimento sem rastro. Daniel veraneia entre a multiplicação das bandeiras do Hezbolah, e os outdoors do Hassan Nasrallah, a tudo deitando um olhar compreensivo, porque os seus valores são valores de chegada, a que os Israelitas já acederam e não praticam (“filhos da puta”), mas de que os árabes estão, para já, isentos. Porque a lenha que nos irá queimar somos nós que a damos. Somos culpados, eternamente culpados. Israelitas, arrogantes, e “ocidentais”, apoiantes de tudo o que nos há-de queimar: Israel e as ditaduras árabes. Dessa culpa nem a Imprensa ocidental nos resgata, nem a solidária rua ocidental, onde os europeus se misturaram com árabes, que não se misturaram com ninguém. Quando o fogo se juntar à lenha seremos culpados. Ignorantes, fanáticos, filhos da puta e culpados.
E depois:
No centro da cidade velha, na zona dos cybercafés, dos restaurantes e dos bares, onde à noite os jovens se passeiam, estava, no chão, uma bandeira de Israel. A ideia era que os transeuntes a pisassem, a suprema ofensa em todo o Mundo e especialmente nestas paragens.Consegui, com grande malabarismo, evitar. Não porque ligue especialmente a qualquer bandeira – seja a de quem for, incluindo a do meu país. Mas porque, no meio dela, está o símbolo de um povo que respeito e admiro. Um símbolo que nos conta a história do povo mais oprimido, perseguido e violentado da humanidade. Um símbolo que os governos de Israel não têm sabido preservar.
Esse símbolo não deve apenas ser respeitado por ter sido perseguido, oprimido e violentado. Deve ser respeitado por ter encontrado uma pátria e tentar defendê-la. Talvez um dia um pensamento destes se atravesse na cabeça do Daniel:
Antes a condenação dos que respeitam os meus símbolos de escravo, que o Museu do Holocausto cheio de suspiros compassivos.
A arrogância israelita, o apoio que recebe do Ocidente e a incompetência e corrupção das ditaduras árabes – incluindo as que se disfarçam de democracias e são apoiadas pelo Ocidente (que são a maioria) – tem sido a lenha que nos irá queimar.
Vamo-nos queimar. O fogo vem das massas árabes, convivendo pacificamente com ditaduras dinásticas, censura, repressão política, cultural, religiosa e sexual, tortura, desaparecimento sem rastro. Daniel veraneia entre a multiplicação das bandeiras do Hezbolah, e os outdoors do Hassan Nasrallah, a tudo deitando um olhar compreensivo, porque os seus valores são valores de chegada, a que os Israelitas já acederam e não praticam (“filhos da puta”), mas de que os árabes estão, para já, isentos. Porque a lenha que nos irá queimar somos nós que a damos. Somos culpados, eternamente culpados. Israelitas, arrogantes, e “ocidentais”, apoiantes de tudo o que nos há-de queimar: Israel e as ditaduras árabes. Dessa culpa nem a Imprensa ocidental nos resgata, nem a solidária rua ocidental, onde os europeus se misturaram com árabes, que não se misturaram com ninguém. Quando o fogo se juntar à lenha seremos culpados. Ignorantes, fanáticos, filhos da puta e culpados.
E depois:
No centro da cidade velha, na zona dos cybercafés, dos restaurantes e dos bares, onde à noite os jovens se passeiam, estava, no chão, uma bandeira de Israel. A ideia era que os transeuntes a pisassem, a suprema ofensa em todo o Mundo e especialmente nestas paragens.Consegui, com grande malabarismo, evitar. Não porque ligue especialmente a qualquer bandeira – seja a de quem for, incluindo a do meu país. Mas porque, no meio dela, está o símbolo de um povo que respeito e admiro. Um símbolo que nos conta a história do povo mais oprimido, perseguido e violentado da humanidade. Um símbolo que os governos de Israel não têm sabido preservar.
Esse símbolo não deve apenas ser respeitado por ter sido perseguido, oprimido e violentado. Deve ser respeitado por ter encontrado uma pátria e tentar defendê-la. Talvez um dia um pensamento destes se atravesse na cabeça do Daniel:
Antes a condenação dos que respeitam os meus símbolos de escravo, que o Museu do Holocausto cheio de suspiros compassivos.
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