Volver (3)
Luc Tuymans, espelho retrovisor
Está à varanda e vejo-o quando regresso a casa. Alegro-me e depois a alegria tolda-se com uma leve irritação:
-Onde esteve o tempo todo em que me faltou?
Vai na rua ao meu lado. Eu sei que é muito frágil, qualquer sopro o pode derrubar. Mas ninguém me rouba, hoje, a sua companhia.
Encontro-o na Estação de Caminho de Ferro. Tem um fato desadequado para a estação. Não fala. Mas sei como é clara a sua voz.
Está na cadeira da sala a ler o jornal. O jornal é sempre o Diario de Lisbôa.
Só na cara dele rumoreja a água da manhã. Só na boca dele o meu nome sai inteiro.
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