Repetto
O rapaz de Maipu, crescido entre as vacas e os camperos da província de Buenos Aires, cuja voz parece a de um vinil de 78 rotações e que canta as canções da avó Emma com a cabeça enterrada nos ombros e os braços estendidos para a frente, como um aleijadinho que não sabemos se nos vai dar ou pedir alguma coisa.
E um índio, outro rapaz de duvidosa e transbordante virilidade, dois perscrutantes maestros na guitarra e no violetão.
Do lado de cá estão os ouvintes. Estranhamente os ouvintes são só face aberta e transparente, alma externalizada. Vieram sozinhos, ou a dois, em alguns casos a três. Mas abandonaram os fantasmas do fundo do poço, as vísceras mais pesadas, as botas e os mantos do Inverno. E estão ali, iluminados pela luz que vem do palco, só pele, olhos, dentes, só testas e decotes, só mãos brilhantes, só ches, só jos, só itos.
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