04 dezembro 2006

O Papa na Mesquita Azul

Virados para Meca mas sem ajoelhar. Rezando. Ou meditando, uma coisa que todos podemos fazer. Assim vimos os corifeus das duas grandes religiões monoteístas, as mais mortíferas. E no fim, sorriam, coisa boa.
Não sabemos de que falaram, se falaram. Ou o que disseram os que por eles falaram. Dizem que BentoXVI procurava o apoio do Islão para o seu grande objectivo, contrariar a laicização do Ocidente. Mas isso que importa. A imagem fica. Na Mesquita Azul o homem de branco é um laico do islamismo. Não faz sentido para ele rezar virado para Meca. Não acredita no Profeta, na revelação, nos ensinamentos do Corão. Não acredita naquele deus. Mas respeita os crentes daquela fé e respeita aquele espaço. Um verdadeiro agnóstico do islamismo, fazendo o que nós, os agnósticos do cristianismo, fazemos nas Igrejas. Soltar o espírito. Como dizia Unamuno e Lodge citou no final de um dos seus melhores romances: Há um momento em que podemos estar juntos, em silêncio. Se os pensamentos se materializassem, veríamos uma nuvem onde se fundiam as dúvidas dos crentes e as certezas dos agnósticos, e essa mistura magnífica é o chão do mundo de tolerância a vir.

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