Antologia do Mal: Rui Pires Cabral
À tarde sento-me no jardim do bairro
onde os lódãos acolhem melros
e enchem de sementes as inférteis
alamedas de alcatrão.
É o primeiro domingo sem ti,
em tudo igual aos outros domingos:
ruas despovoadas, grades nas montras
escuras,um pacato mundo de vizinhos
temporariamente ausentes.
Deixo-me ficar ao frio um bom bocado,
distraído pelo fútil desejo de ser
o próximo estranho que atravesse
a rua, de não ter sequer o abrigo
de um nome.
E, de súbito, ei-la que regressa,
após meses de remanso em parte
incerta: conjurei a sombra azeda
que me sussurra ao ouvido.
Cá está ela, sim, íngreme
e sedenta.
A poesia.
onde os lódãos acolhem melros
e enchem de sementes as inférteis
alamedas de alcatrão.
É o primeiro domingo sem ti,
em tudo igual aos outros domingos:
ruas despovoadas, grades nas montras
escuras,um pacato mundo de vizinhos
temporariamente ausentes.
Deixo-me ficar ao frio um bom bocado,
distraído pelo fútil desejo de ser
o próximo estranho que atravesse
a rua, de não ter sequer o abrigo
de um nome.
E, de súbito, ei-la que regressa,
após meses de remanso em parte
incerta: conjurei a sombra azeda
que me sussurra ao ouvido.
Cá está ela, sim, íngreme
e sedenta.
A poesia.
CAPITAIS DA SOLIDÃO
DE RUI PIRES CABRAL,
COM UMA FOTOGRAFIA DE
MANUEL BOUCHERIE MENDES,
FOI COMPOSTO POR PAULO ARAÚJO
(TEATRO DE VILA REAL)
E IMPRESSO
NA DOM TEXTO,
EM OUTUBRO DE 2006
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial