18 janeiro 2007

Três

Estou a ir depressa mas não tenho tempo. Nem saúde para contar da ignomínia de um sistema que demora anos a oficializar uma adopção, que anda à procura dos genes perdidos na Beira, que não protege as Vanessas e as Joanas mas persiste numa cegueira de impotência e burocracia legalista , a fonte de que se alimentam as senhoras das comissões de adopção, último guardião da moral salazarenta. Uma juíza fanatizada pela genética, e pelo carpinteiro vivendo do subsídio de desemprego, condenou a seis anos de cadeia um homem, militar, cujo código diz que não se entrega alguém que ainda não pode escolher. Uma mulher ficou sem homem. Uma criança sem pai. O único que tem, conhece e reconhece. O colectivo decidiu por animunidade, declarou a juíza enlouquecida pela genética. Descansa em paz Winnicot.

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