O pais a onze de fevereiro
Chove nos vales do interior. A televisão dá missa, programas que ninguém vê. As crianças estão entregues ao Panda. O jornal Público está à beira da remodelação. Anuncia os novos responsáveis. Uns são casados com dois filhos, outros vivem em união de facto. O Benfica foi eliminado pelo Varzim. Enrique Vila-Matas desapareceu na Póvoa. O primo Horácio anda nos ralis. A mulher trata dos negócios. A juventude dorme, ociosa. O Mega está entre o Berardo e a parede. O Fernando Assis Pacheco fazia setenta anos. O Esteves já não tem tabuleta, as mansardas custam os olhos da cara e as filhas das lavadeiras estiveram a noite toda a beber água e a speedarem-se. Comícios só nas igrejas. A Maria de Jesus tem 110 anos. O primo Horacio tem um Ferrari e uma limusine a apodrecer. O amor da Alexandra Lencastre é discreto. A miúda tomou os comprimidos. O bolor cresce no queijo e no foie-gras. O Marcelo há-de estar logo a comentar. A Ana Paula Inácio não se sabe se escreve, dois poemas por ano e só a mortas de vulto. A jornalista, como hei-de dizer, vulgarizou-se. O primo Horácio não tem nada em seu nome. Eu não tenho uma prenda para te dar, uma prenda para te dar.
(Jeff Wall)
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