A heroína na latrina
Em 1970, o cinema moral de Rohmer celebrizou o joelho de Claire, em torno do qual gravitava a perturbação de Jerôme.
Entretanto o cinema operou uma grande transformação no corpo da mulher. Conhecemos hoje o corpo nu das grandes actrizes. Mas no duche, na cama, no banho do rio, era sempre a pele que víamos. Recentemente, com Penelope Cruz em Volver, Carice van Houten no Livro Negro de Paul Verhoeven, Cate Blanchett em Notes on a Scandal de Richard Eyre a mulher sentou-se na latrina. Não há agora filme em que a heroína não se sente na latrina. Saímos da superfície para um lugar mais intenso do corpo. Não ainda o momento excremencial do metabolismo, mas uma aproximação liquida esteticamente aceitável. Paradoxalmente, este movimento em direcção à visceralidade foi anulado pela beleza das mulheres. As mulheres são lindíssimas em todos os lugares onde se sentam. Em todos os lugares onde se despem, continuam, frágeis e inacessíveis, a enlouquecer docemente o olhar alucinado de Jerôme.
Jennifer Evans
(corrigido com agradecimentos aos comentadores 22:à"))
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