O problema dos comentários nos blogs
Há quase quatro anos iniciei a minha colaboração neste blog. Durante a preparação da guerra de ocupação do Iraque constituira-se uma rede de amigos que, de certa forma, precisava dapossibilidade dos blogs para se realizar de forma mais completa. Ao longo destes anos A Natureza do Mal foi várias coisas, quase todas gratificantes: o lugar da divulgação dos meus escritores favoritos, da escrita da Sofia, da ironia do André Bonirre e depois do trânsito deste para a pescada, o blog fotográfico.
Encontrámos, reencontrámos e em alguns casos perdemos, muita gente interessante. Há quatro anos o mundo era pior, mais acanhado. Não havia a Wikipedia, o iPod, o Macbook, o Houaiss, o Rui Tavares, a Lhasa, o Sebald traduzido, a vacina do HPV, a Honda @, o rouge noir da Chanel, a pílula do dia seguinte, raves no MNAA. Quase nada se parece com o que existia há quatro anos: O Durão da guerra é o Barroso da paz; o Lopes está no sótão; o Papa morreu; a Igreja católica perdeu as eleições; o Paulo Portas voltou ao centro; os neocons procuram sobreviver nos gabinetes da era pósbush.
Nos comentários passou diversa gente. Critica, atenta, carinhosa, preocupada, informada, maldosa, paranóide. A maior parte anónima. Uns por timidez, outros por vários motivos. Alguns embriagados pelo anonimato. Mas a blogosfera é isso mesmo. Um quarto de brinquedos, como disse alguém. Um momento de jogo infantil
onde se pode experimentar a realidade sem nos queimarmos irremediavelmente nela. Um sítio de divertimento e às vezes da beleza que existe em tanta gente. Não sofro do síndrome spinolista. O general Spínola, a tradição da direita e os voluntaristas de esquerda, acreditam que para lá da baça realidade que contraria as suas altas aspirações existe uma multidão de gente simples, desejosa de submeter-se aos seus desígnios, mas tolhida na expressão, sem os meios nem os hábitos. Eu sei que aquilo que sou é aquilo que os outros pensam que sou. Se estou entregue às Calcanhotas é porque mereço. Não há nisto sarcasmo nem desilusão. Nem isto é nenhum fim ou começo. Este blog já quis ser reconhecido e desaparecer. Hoje, como no começo, é um lugar onde se escreve, sem programa nem agenda e às vezes sem acentos.
Etiquetas: intima
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