O negócio do freak show
O negócio nazi (“17 cadáveres e 270 órgãos humanos conservados segundo a técnica de polimerização”) tem agora o seu capítulo lisboeta. Como nas outras paragens arranjou-se uma Comissão Científica. Podia ser o presidente da Comissão Científica da faculdade das Belas Artes mas como, nas últimas versões o álibi exibicionista é o da prevenção da doença, o convite foi para o presidente do Conselho Científico da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, uma entidade cuja designação deve impressionar os naturais de Freixienda e os assinantes do Mensageiro da Imaculada.
Trata-se do professor Francisco Castro e Sousa (corpo não disponível para exibição).
Como a exposição dura até Setembro vou hoje apenas reproduzir as suas declarações na pré inauguração.
1.
O presidente da Comissão Científica da exposição «O Corpo humano como nunca o viu», Francisco Castro e Sousa, lembrou que a organização do evento “não é benemérita”, mas ajuda o público a ter “da forma mais real possível” a noção da complexidade do organismo e um comportamento pró-activo em relação à saúdeUma organização quase benemérita. Não se percebe como é que o Campos e a Fundação do Coração não estiveram na inauguração.
2.
(Houve quem se questionasse sobre a proveniência dos corpos. Chineses e russos. Afinal são chineses e russos, cujos corpos não foram reclamados, quer dizer, jovens saudáveis que morreram de morte natural, não mereceram sepultura ou cremação e que tinham feito doação dos corpos para ciência. O dr Glover estava lá, à cabeceira dos jovens defuntos, com a acetona, o bisturi e a polimerase.)
Se reconhecesse algum fundamento nas acusações a que a polémica se refere, não associava o meu nome à exposição que vi quando se apresentou nos EUA.
Os responsáveis da exposição garantem agora que todos os cadáveres utilizados são corpos não reclamados doados para a ciência. (Aqui)
3.
Estou, por isso, em condições de garantir, como médico e cidadão, que esta é uma oportunidade única de vermos como funciona o nosso corpo. Tivemos, enquanto comissão, o cuidado de adaptar a exposição à sensibilidade do País .
( Uma exposição adaptada à nossa sensibilidade, depois do Presidente a ter visto em Nova Iorque, mais ao natural. Ele garante, como cidadão, que esta é uma oportunidade única. Bora, vamos.)
4.
"Não há que temer qualquer reacção de choque, a menos que se tenha uma natural
predisposição para isso, o que é válido para qualquer outra forma de arte,
científica ou não"
(Cá está, o motivo do meu choque. Tenho uma natural predisposição para reacções de choque face à arte científica.)
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