16 junho 2007

A Comissaria e o Bufo (1)


Norman Rockwell (ver Miss Pearls)


A comissária foi reconduzida. O inquérito continua, no meio de um certo esquecimento, de vez em quando quebrado por uma notícia obscura. Os socialistas continuam calados, à espera que o inquiridor nomeado descubra se o professor sempre chamou filho da puta ao chefe. Eles depois falam. Depois do chefe tomar conhecimento, eles falam.
O mais grave do episódio da DREN não é a boçalidade da comissária reconduzida, o reconhecimento da bufaria (por sms, pasme-se) como método de governação nas repartições do Estado, aliás prolongados pela novela do presidente da Câmara que se queixa ao Presidente da República. O mais grave é a capitulação dos socialistas numa questão fundamental, a da liberdade de expressão. Um homem, num gabinete, em privado, quando se pensava rodeado de colegas, amigos, disse a piada do mês nas repartições, ou uma variante, ou, admitamo-lo, disse do chefe o que Zidane ouviu de Materazzi. Um ouvinte era bufo. Indignado, mandou um sms à comissária. Era uma sexta-feira, ao que parece. Na segunda -feira seguinte alguém tinha retirado o disco duro do computador de trabalho do professor, este foi suspenso e posteriormente afastado da actividade habitual. Que isto não seja uma monstruosidade para os socialistas, que uns sms socialistas não tenham chamado à razão a comissária, que o primeiro-ministro tenha respondido arrogante a uma jornalista das que ainda se atrevem, que o Vital Moreira tenha considerado o facto um tiro no pé, eis o que preocupa. Entretanto um medo pesado caíu nas repartições. Sei do que falo. Do medo antigo, salazarista, mascarado de respeitinho. O medo dos de baixo. O medo dos que conhecem os bufos e a verdadeira natureza dos comissários e dos candidatos a comissário. Dos que lêm os sinais do tempo e sabem que nada nem ninguém, a não ser a subserviência e o cartão, os proteje dos comissários.

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