Torga IV
O documentário "Miguel Torga - o meu Portugal" que acaba de passar na 2 é uma colecção de bilhetes postais do Alto Douro/Trás-os-Montes e Coimbra very typical entremeada com testemunhos, sentenças, premonições e até um cheirinho de uma aula prática de análise de texto de intelectuais/académicos. Narrado por um Sinde Filipe tipicamente Teatro Nacional D. Maria II de há 20 anos, é representado pelo actor José Pinto que tem grandes semelhanças físicas com o poeta. José Pinto que não abre a boca vai bem, Sinde Filipe que não se cala, vai mal.
Como de costume, os intelectuais são todos, mas todinhos filmados à frente de obesas estantes, algumas com as colecções bem alinhadas e por cores (mas isto, sou eu com a inveja de quem não consegue arrumar o escritório). Como o Eduardo Lourenço não podia trazer a estante de Vence para cá, pespegaram-no no andar de cima da livraria Lello no Porto...à frente das estantes.
Para além disto (e entro aqui numa questão que há muito me inquieta), todos eles precisam de conselheiros de imagem totalmente intolerantes, se necessário, nazis: chega de comprar roupa na Maconde ou nas lojas dos chineses; tem que se escolher um bom cabeleireiro, embora eu saiba o quanto isso é difícil e caro neste país; e não se podem mostrar os desarranjos florais lá de casa - eu também não sei dispor flores numa jarra, mas escondo-as quando entram visitas.
E isto inquieta-me porque não percebo como é que gente que se dedica às questões estéticas não se olha ao espelho. Mas este tema fica para outro dia...
O pouco sumo do documentário esteve entregue a Eduardo Lourenço (para variar) e, em grau mais débil, a António Barreto (que tem uma bonita poltrona de veludo cor de chocolate com ar de ser bem confortável - não, não me parece que seja Ikea).
Já se viu que não sou fã, mas Torga merecia melhor.
// sent by Rosaarosa
Como de costume, os intelectuais são todos, mas todinhos filmados à frente de obesas estantes, algumas com as colecções bem alinhadas e por cores (mas isto, sou eu com a inveja de quem não consegue arrumar o escritório). Como o Eduardo Lourenço não podia trazer a estante de Vence para cá, pespegaram-no no andar de cima da livraria Lello no Porto...à frente das estantes.
Para além disto (e entro aqui numa questão que há muito me inquieta), todos eles precisam de conselheiros de imagem totalmente intolerantes, se necessário, nazis: chega de comprar roupa na Maconde ou nas lojas dos chineses; tem que se escolher um bom cabeleireiro, embora eu saiba o quanto isso é difícil e caro neste país; e não se podem mostrar os desarranjos florais lá de casa - eu também não sei dispor flores numa jarra, mas escondo-as quando entram visitas.
E isto inquieta-me porque não percebo como é que gente que se dedica às questões estéticas não se olha ao espelho. Mas este tema fica para outro dia...
O pouco sumo do documentário esteve entregue a Eduardo Lourenço (para variar) e, em grau mais débil, a António Barreto (que tem uma bonita poltrona de veludo cor de chocolate com ar de ser bem confortável - não, não me parece que seja Ikea).
Já se viu que não sou fã, mas Torga merecia melhor.
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