01 outubro 2007

A ministra da cultura


Aad Berlijn

No início de Agosto, com o país anestesiado pelos jornalistas da Polícia Judiciária, um comissário da Ministra da Cultura dspediu a directora do MNAA. A oposição de direita e alguns intelectuais, de malas feitas para as praias, protestou. A ministra calou-se. Estava em causa o direito de um director de Museu poder criticar a política do ministério, ou a falta dela. A ministra calou-se. Face aos artigos de opinião e a alguma indignação, a ministra calou-se. Esta ministra tem o saber antigo dos poderosos. Deixar pousar, deixar falar, deixar esquecer. Um mês depois, bronzeada, ela voltou. Para uma entrevista a um programa fútil sobre como tinha passado as férias. Para largar o intelectual orgânico dos azulejos a largar o mote Ele explicou, inefável, que a anterior directora do MNAA não era assim tão boa. Tinha descurado a vertente de investigação sobre as imensas riquezas sepultadas nas Janelas Verdes. Ele vai investigar, abrir as portas aos investigadores. Ele contenta-se com as sobras do Hermitage e do Berardo e uns dinheiritos das entradas. Vai tentar responder à confiança nele depositada e cumprir com lealdade a missãoque lhe foi conferida. E os jornalistas, já esquecidos e sempre mal informados, não perguntaram. Os jornalistas estenderam a passadeira ao gajo dos azulejos. Quando tudo estava serenado e a ordem restabelecida, ela voltou. No Expresso e na Antena dois. Afinal a ministra faz avaliações. Discretamente, sem que os avaliados suspeitem, Pires de Lima avalia. Lagarto chumbou, era um incompetente. Pinamonti um incompetente parcial. E Dalila Rodrigues a) aumentou a visibilidade do MNAA, mas b)descurou a investigação do imenso espólio e c)fechou o Museu aos investigadores. A ministra estava atenta. Agora é que vai ser bom. Não importa o MNAA fechar aos fins-de-semana sem trocos para porteiros. Vai haver imensa investigação, intertextualidade, diálogo com a contemporaneidade. E tudo isto à borla, com passes sociais para o Hermitage da Ajuda, para o Berardo e para o Corte Inglês.

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