14 março 2008

Son qual nave ch’agitata


Peter Henri Emerson


Da ópera Artaserse , Johann Adolf Hasse e Riccardo Broschi

Acabou um inverno enorme, longuíssimo, que parece ter durado vários anos de pesadelo gelado como a travessia da estepe russa e Lara perdida.
Três longos anos a tiritar sem nos atrevermos a olhar para fora do nosso corpo com receio de quebrar os ossos mais íntimos.

Agora, nos primeiros dias de primavera, a qualidade do ar, os cheiros intensos e adocicados que estalam por detrás da papilas, a espessura da luz, o embalo dos gestos mais afoitos e dançantes, a especial vibração do vento morno em carícias firmes, a ondulação do ar que se desdobra diante dos nossos olhos, pela longuidão do dia até à serenidade levemente ébria do fim da tarde, tudo é um hino à facilidade de viver, a essa coisa simples e firme que é a certeza dum pôr-do-sol seguido de uma noite cálida e de um nascer de um novo dia radioso.

Tenho esta nostalgia eslava perante a sagração da primavera.


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