Manhã em F.
Na cidade de F., no parque central de F., domingo de manhã e um Inverno luminoso. Homens de olhar perdido vigiam crianças e algumas mulheres os cães. A Princesa Imperial do Brasil está de costas para a cena e nem as crianças gritam nem os cães ladram. Na esplanada do café Miranda, Restaurante e Confeitaria, os homens têm em comum o cabelo negro ondulado e os casacos de capuz. As mulheres são mais novas, algumas parecem filhas dos homens de negro. Mas mesmo as crianças de F. falam aos repelões, com o sotaque rude da região. Em frente das casas de azulejo, ao lado do Parque, está um edifício estranho, com uma torre sem janelas , um silo decrépito. Pergunto ao rapaz que serve os cafés na esplanada se sabe que edifício é aquele. Ele trabalha ali. De frente para a torre. Mas não tem nenhuma ideia do fim a que se destina o edifício. É uma fundição. Agora para que serve a fundição, isso ele não sabe. Era fácil saber. Bastava andar cem metros. Contornar o BCP Millenium e ler as palavras gravadas nos vidros do rés-do-chão. Já entrar é mais difícil porque a fundição está fechada. Aos domingos, aberta na cidade de F. só a loja dos chineses e alguns cafés, como o Miranda, que é restaurante e pastelaria. Tudo o resto está fechado. Como a livraria Quasi, de fino estilo funerário. O Mário Cesariny , na fundição, e o Cruzeiro Seixas , na Conselheiro Santos Viegas estão lixados. Que porra é que foram fazer à cidade de F. Ao menos Sua Majestade Fidelíssima pode olhar, sob os plátanos, os homens e as mulheres, baixos e duros como os que a serviram e a quem ela procurou dar alguma ilustração. Os cães vêm mijar as saias da Princesa das Beiras e é toda a animação da cidade de F., ao meio dia de domingo.
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