07 dezembro 2008

Lerdos jornais

A editora Bertrand resolveu juntar num livro três homens de piada fácil que se notabilizaram nos anos 90 num programa a que a SIC chamou Noite da Má Língua. Os três consideram a década de 90 como a da liberdade- numa expressão feliz de Rui Zink, o momento em que o pide saíu de dentro das cabeças dos portugueses- e o seu programa um símbolo desse clima. Somos sempre os piores juízes quando estão em causa os nossos cometimentos. Mas manda o respeito que se fale frontalmente a quem ganha o dia-a-dia escarnecendo: não me rio com a piada obesa, a gargalhada fácil, o machismo com sotaque do norte. Gosto do MEC com ternura mas custa-me quando ele fala de tudo como os cronistas generalistas.
No Expresso desta semana uma promoção da Bertrand juntou no mesmo talho, e depois em outro cenário de horror, as três figuras, além dos jornalistas. Não falo do trabalho fotográfico, por respeito para com os cadáveres expostos. Mas num dado momento da entrevista o Rui Zink tem a seguinte tirada:
- A comunicação social passou do quarto poder para o quarto do poder. Agora dormimos todos com o primeiro-ministro.
Ao que o cómico do Norte retorquiu:
- Fala por ti...
E logo uma das entrevistadoras:
- Fale por si.
Esta jornalista assina-se, pelo menos neste trabalho, com o nome de Katya Delimbeuf.

Adenda: A entrevista da Revista Única do Expresso não está acessível, nem as incríveis fotos do talho, com três intelectuais obesos a exibirem-se para a produção, entre bovinos esquartejados. Katya Delimbeuf, já vi no Google, é mesmo uma jornalista que além de não frequentar o quarto do poder, assina, de vez em quando, interessantes reportagens.

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