Praça do Duomo, Milão
Esta manifestação teve lugar em Milão, no sábado passado. Podia ter acontecido em Londres, e aconteceu. Ou em Paris, Madrid, Lisboa.E em Jerusalém. E aconteceu. Com pequenas variações. Em Lisboa onde o Colectivo Abu-Jamal, uma das dezassete organizações que convocou o protesto, ainda conta com poucas adesões, a oração a Meca não foi incluída. Mas em todas as capitais europeias, e em Israel, é possível rezar virado para Meca à porta de uma catedral ou de uma sinagoga. Em algumas cidades é igualmente possível queimar bandeiras e ouvir um imã terrorista, sem perseguição judicial. Nem sempre foi assim. Foi preciso um longo caminho até que as mulheres e os homens da Europa pudessem criar cidades imperfeitas como estas mas onde gente simples ou mesmo simplória pode ver as fotografias de Robert Frank no Palazzo Reale ou de Lisete Model na Corso Como, onde as mulheres beijam e são beijadas nas esplanadas e se vê Caos Calmo num cinema de bairro. Claro que não chega. Que há Bossi e Berlusconi. Que em alguns pontos assoma uma cidade subterrânea de exclusão e ódio. Que a tibieza de sete anos de governo de esquerda permitiu à direita chauvinista recrutar votos na maioria antipolítica. Mas só ajoelhamos , só levantamos o rabo quando queremos. E a fatwa da nossa dissidência é apenas o desprezo e a compaixão dos nossos amigos, humanistas selectivos.
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