26 fevereiro 2009

DEIXEM AS BEGÓNIAS SER BEGÓNIAS

“Qual Choupal”?

Esse do passeio de ontem, não o do até à Lapa das lamúrias. Este, o único onde planam overcrafts vegetais. O do mistério das folhas em sobressalto possessas pelos espíritos da mata. Folhas-overcrafts levitadas à vez, em voos que se repetiram rasantes, sem estremecimentos do manto caduco do caminho. O do raio solar por entre a ramagem que trouxe a explicação do prodígio: um cardume de brachyeros em contraluz sob a camuflagem de aceráceas, esquadrilha disciplinada em treino matinal, fintando as famílias corajosas, os ciclistas de licra e outros caminhantes cegos.

Salvemos o “Qual Choupal”, este dos brachyeros navegadores.

Salvemo-lo dos IPês, mas salvemo-lo também dos higienistas urbanos, hipersensíveis aos lixos que horror.

Salvemo-lo dos Amantes da Natureza ai viçosa e os piqueniques de papoilas, sem águas insalubres, sem merda, e os répteis que repelem e o tão uncomfortable coaxar, uma arrelia nocturna para as insónias citadinas.

E salvemo-lo dos das Cruzadas, dos que já sepultaram os juncais da aragonesa na campa de calcário sem regras, involuntário solário, deserto.

Salvemo-lo dos empreendedoristas de fibra ganhadora, personalidades fortes que não se deixam massificar, nem se dissolvem em shoppings e retails climatizados; que baptizam os seus rebentos em passeios pedagógicos à Mãe Natureza, formatada, imutavelmente bela, cuidada, dispensados que foram os jardineiros analfabetos com 4ª classe à antiga, por trabalhadores talhados nas novas oportunidades, grandes oportunidades para os notabilíssimos das economias de escala.

(E os rebentos aprendem o que é a Mãe Natureza na sinalética standardizada segundo as portarias europeias, e vêem e sabem o nome de cada um dos excelsos exemplares da Mãe Natureza exemplar, atemporal e imortal, um limbo onde as plantas não nascem nem morrem, zelosamente renovadas fora do horário de expediente das famílias dominicais.)

Mss salvemos o Choupal também dos das elites com sangue antiquíssimo, que não pisam a falsa natureza dos Parques Verdes com povo verdadeiro, e fazem meditações interiores no requinte zen das intervenções sublimes de levar às lágrimas.

Mas salvemo-lo também dos eruditos transbordantes de brilhantismo, os minimalistas de paisagens Sizentas, alinhamentos de geometria d'oiro à custa do abate dos desalinhados que chateiam a Beleza.

Enfim. Salvemos o Choupal, simplesmente: Let By-Gones Be By-Gones! (*)

(*) em tradução muito livre: "Deixem as begónias ser begónias."

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