10 abril 2009

A visita Pascal


August Sander

Tinha prometido não falar de sexo não escrever sobre sexo essa irrelevância quando tantas coisas verdadeiramente importantes e difíceis de falar se desenvolvem em silêncio como o desfolhar dos bonsais a esta primavera - estranhamente lembrando os lábios das mulheres quando se abrem- e o sofrimento dos povos excluídos do grande banquete desta outra terra que habitamos ou ainda outros temas decentes e dignos de ser escritos como a nossa formidável memória selectiva que só nos traz pais esforçados gigantes stakhanovistas ou tranquilos aldeões ao lado de mães dedicadas num mundo que prometia tempos de glória proletária ou simplesmente justiça e multidões cumprindo os artigos simples de uma Constituição sem constitucionalistas. Ou escrever sobre a literatura antes de ser puta e de se fazer com a variação elegante ou o conundrum. Não escrever sobre o sexo à procura de audiências dizia uma de nós com as pontas dos lábios puritanos enquanto desenhava pénis erectos e espantados nos guardanapos da casa de pasto remodelada. E de súbito o sexo sem ser chamado aconteceu e devo dizer que bem e de forma geralmente gratificante com as palmadas nas nádegas dela do cuzinho a ressoarem pela casa vazia que as férias de Páscoa têm esta coisa boa de levar para o Oceanário as crianças que ainda não cresceram para as marchas esforçadas dos escuteiros. E houve então ah ouve então o sexo sem almofadas o sexo recreativo com grandes mamilos felizmente arredados da sua função lactante.

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