Não morreram antes de envelhecer
Diane Arbus
Tony Judt diz, em Pós Guerra, que parte da importância decisiva da geração de 60 adveio do tempo que esta gastou a promover-se, a “falar sobre si própria” como cantava uma banda sua contemporânea(1). Agora que essa geração atingiu a senilidade é natural que haja um desvio da temática. Da insurgência juvenil para a melancolia senil. Preparemo-nos, pois. Há algo, no entanto, que me desagrada na temática senil, mais como possibilidade perversa que como realidade. Essa reticência tem a ver, estranhamente, com a pedofilia. Não gosto de livros, filmes ou representações de crianças. As crianças são ágeis e podem ser determinadas. Há crianças que parecem sábias e capazes de decisão. Mas a fragilidade do mundo infantil assombra qualquer representação, mesmo as optimistas. Só os adultos jovens podem ser inteiramente autónomos, porque só eles possuem a força física, os meios materiais, a resiliência e a rápida cicatrização. Com os velhos passa-se o mesmo que com as crianças. A personagem de Homem Lento e de Diário de Um Ano Mau é enganada porque se entusiasma sexualmente por alguém mais novo, vive na iminência de um roubo, de um assalto informático, de um engano através das tecnologias invasivas ou dos afectos que não domina. Os jovens adultos enganam as crianças e os velhos. Quando o engano não resulta, batem-lhes.
1. The Who, My generation.
2 Comentários:
Os jovens adultos enganam as crianças e os velhos. Quando o engano não resulta, batem-lhes.
Uma frase destas arruma com qualquer um
Eu que sou da geração do pós guerra não estou senil; será que, apesar de tudo, sou um jovem muito adulto?...É como parceber o que é a classe média...
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial