Os arbicidas
Na casa do bairro operário, pequena manhã de sábado, acordo ao ruído de uma moto-serra. No pátio das traseiras da casa do lado uma árvore está a ser abatida. A árvore que resta de um pomar que, há 50 anos, sobreviveu à construção dos prédios desta rua, agora na primeira periferia da cidade. Está a ser decepada. Ramo após ramo. O sangue escorre das superfícies de corte , os ramos e as folhas estendem-se, os frutos rolam no cimento. O executor empunha o instrumento de abate. O mandante arruma os limões a um canto, cabisbaixo. Não se vê ninguém além do homem indignado que assiste a esta execução e se interroga sobre a razão deste abate. Impedia o trânsito no pátio? Dava sombra em excesso? Os ramos batiam no automóvel que queria estacionar? Foi derrubada por ser excepcional? A última árvore dos quintais.
Nunca saberemos. Os arbicidas acabaram o seu trabalho. Silêncio no bairro. A classe operária irá para o paraíso e terá à espera um sol abrasador.
Etiquetas: manhã
3 Comentários:
Os Portugueses odeiam arvores.
Ele vai renascer... como o capitalismo.
Só os operários é que já não existem, pelo menos por essas(estas) bandas.
concordo com o anónimo: os por tugueses odeiam toda a espécie de verdura q suje os pátios cimentados! à semelhança de arribas, falésias, escalpa-se toda e qquer coisa q possa sujar o maravilhoso chão seja ele asfaltado, empedrado, cimentado, não interessa, o q interessa é q aquelas arvores são uma porcaria nunca se pode ter um pátio uma praça um jardim uma praça, nada limpo. viva o abate de tudo o q possa sujar avenidas, ruas, praças ou propriedades particulares. então aí é q ninguem tem nada com isso! é meu, corto o q bem me aprouver. de tavira a lisboa coimbra porto até qquer varanda de apartamento viva o sol aberto e os guarda-sois da super-bock. VIVA .(+- a propósito tocou-me particularmente um artigo sobre as marquises esta semana no público (...)
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