08 agosto 2009

Quase Nada



Zhang Xiao

É uma coisa de nada, eu sei
Mas não me deixa partir. Não é um aroma
Exactamente, mas em dias quentes ou à noite lembro-me dessa coisa
Um pouco queimada, ou madura demais:
Searas negras, enxofre, pele.
É também o silêncio
Embora de vez em quando julgue tê-la ouvido
Murmurando: uma oração
Talvez, uma promessa ou uma súplica. E não,
Não é de todo substancial: digamos
Que é sem substância, não é coisa
Que se possa tocar ou ver.

Não magoa mas está dentro de mim.
Como lhe chamamos então,
Esta qualquer coisa no ar, esta atmosfera,
Esta iminência?
Hoje, porque te afastaste,
Eu chamar-lhe-ei nada de importante,
Chamar-lhe-ei , já que estás com medo, permanência.


Ian Hamilton
Selected Poems
Faber and Faber, 2009

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1 Comentários:

Blogger M disse...

Acho este poema lindo.
Obrigada pela partilha.

sábado, agosto 08, 2009  

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