Velhos
A velhice persegue-me (este Verão). Ou está tão presente que é indisfarçável. Um livro divertido sobre a paixão serôdia de um engenheiro ucraniano(1), um filme em que a dureza e a fisicalidade de Philip Roth é lida por uma espanhola do tipo romântico que eliminou tudo o que era felatio, nádegas, concupiscência até ficar com uma Love Story amarrotada nas mãos(2). Agnès Varda do alto dos seus 80 anos (3). A história do adultério de dois anciãos que os jovens críticos alevantados do Público enjoaram (4). Os últimos livros de Coetzee, o meu escritor, atravessados pela lentidão, o medo de ser enganado, a ruína económica, a melancolia e o cheiro da velhice(5) . O japonês a babar-se pela nora cruel(6). A antologia da morte do Manuel de Freitas (7). A minha amiga F. a contar a história de engate do velho que a leva a beber um copo e pede “um irish coffee” , uma escolha que o denuncia imediatamente como impotente (8).
Pode haver um Pranzo di Ferrangosto, eu sei, mas é sempre 15 de Agosto quando se é velho e se está sozinho e nós já partimos, ou fazemos as malas, ou estamos só de passagem, doentes de pressa e velocidade.
1. Breve História dos Tractores em Ucraniano, Marina Lewycka, Civilização Editora.
2. Elegia, de Isabel Coixet , baseado em Dying Animal de Philip Roth, Dom Quixote.
3. As praias de Agnès .
4. Nunca é tarde demais.
5. Slow Man e Diário de um ano mau, Coetzee, Dom Quixote.
6. Diário de um velho louco, Junichiro Tanizaki, Relógio D’Água.
7. A Perspectiva da Morte, Manuel de Freitas, AeA.
8. F, Depoimento pessoal
Etiquetas: para não falar da próstata
1 Comentários:
Angustia-me a conclusão de F. sobre o Irish Coffee.
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