A Pandemia segue dentro de momentos.
Triste fim o desta pandemia. Teve tudo: prime times, conferências, editoriais, planos de contingência. Teve uma Direcção-Geral por conta, áreas reservadas de hospitais, ambulâncias, laboratórios, quarto - escuro nas creches. Foi o momento de glória de epidemiologistas e especialistas de saúde pública. Cresceu à sombra da respeitabilidade da OMS. A OMS era, das instituições a que Pacheco Pereira, na época da euforia bushista, chamou olimpiânicas, a que conservava alguma respeitabilidade. Embora a respeitabilidade deva ser reavaliada periodicamente, a OMS teve na gripe A uma prova de fogo. E chamuscou-se. A pandemia foi-se, envergonhada de tanta benignidade. Poucas vítimas – 94 óbitos, dos quais 17 sem factores de risco, poucos doentes. O Estado fez o negócio pelos particulares. Construtores civis, empresas de pré-fabricados, indústria farmacêutica, encheram os cofres. E agora? Discretamente, os hospitais desarmaram as tendas. Alguns ainda esperam uma palavra da tutela. Comissões regionais de gripe, DGS, Ministério. Silêncio. O silêncio glacial dos deuses. Em Janeiro nenhuma Orientação Técnica, nem circulares, nem despachos. Que se ouça, também ninguém pergunta. Nos países democráticos os ministros são interrogados: justificaram-se as medidas? O que se segue? Continua em vigor o estado de excepção? Normalizou-se o funcionamento das Urgências hospitalares? Os responsáveis justificam-se e a opinião pública faz os seus juízos.
Aqui, nada. Os doentes, receosos, não se acusam. Que distância percorremos desde o casal de regresso de Torremolinos, sequestrado, a fazer Tamiflu não se sabe para quê. Passaram 6 Meses. Agora, gripe tornou-se uma palavra de mau gosto, que se pronuncia como pedofilia, pobreza ou desemprego. Os doentes dizem, baixinho, que estão constipados. As zaragatoas, as máscaras e as batas adormecem nos depósitos. Regressámos à nossa ingenuidade infecciológica pré-pandémica. Tussa lá à vontade para cima de mim, sopre na sopa da menina, dê-lhe beijinhos na mão e na boca do seu amor também.
Etiquetas: gripezita
13 Comentários:
Segue segue,até porque os media, agora tem outras prioridades, que está para durar. Daí até se esquecerem das tais perguntas. Pelo que ficará por saber, até que ponto a OMS se deixou enlear pelo lobby dos laratórios farmacêuticos.
e eu que confio nas pessoas, que tenho tendência para não achar queestá tudo doido, pois, esta história abalou as minhas convicções. desde o princípio que a achei um exagero, mas por outro lado com a respeitadíssima OMS envolvida...
Como se pode constatar, daquele 3º mundo, para onde farmacêuticas e afins enviavam excedentes ou onde as cobaias abundavam, faz agora parte a Velha Senhora Europa; o Fiel Jardineiro habita aqui.
E assim se deixaram os CDP's sem pneumologistas(ficaram um ou dois "faz tudo", just in case!).
Indivíduos com supeitas claríssimas (clínicas e radiológicas) de Tuberculose pulmonar,esperam agora horas nas urgências dos Hospitais,com a fita amarela no antebraço e tossindo olímpicamente...
M
Deixei de ler blogs. Por causa de posts como este. Desonesto porque produzido por quem deveria saber.
Não leio blogs.
António, o que é que eu deveria saber e não sei.
Porque é que sou desonesto?
António explique lá. Se não for a mim, aos leitores.
Obrigado
Porque bem sabe que, pela primeira vez na história, se detectou, previu, controlou, retardou e impediu uma pandemia que tudo apontava para ser grave. O sistema de alerta da OMS funcionou, a mobilização geral foi conseguida, a pandemia contida e, felizmente, por mera sorte, a "benignidade" da doença revelou-se. Ainda assim, não esqueçamos o enorme esforço, conseguido, no retardar da disseminação, que permitiu desenvolver, produzir e distribuir uma vacina eficaz.
Tudo isso o Luís sabe. Não quer lembrar.
Tivesse sido outra a evolução da "benignidade" ou real o "chamuscar" da OMS, outro seria sem dúvida o sentido do post, diametralmente oposto.
Por isso deixei de ler blogs.
António, não sou assim optimista. Nem fiquei fascinado com a prevenção, o controle, a capacidade de retardar e conter a pandemia. O António reproduz as palavras oficiais (não consigo grafá-las em itálico). Essas palavras não são inocentes. É a lingua de pau dos epidemiologistas. Mas no terreno houve descoordenação, atrasos, impreparação. Simplesmente, a este vírus ganhava-se sempre. Se outro vírus cantasse a história seria outra. Ou o António acredita que o vírus foi contido pela educação sanitária, a quarentena, a vacinação e o Tamiflu?
E quando o António, que, sem conhecer, simplesmente admiro, pela moderação que sempre demonstrou, me chama de desonesto por dizer o que toda a gente sabe, então fico mesmo assustado.
Depois de se ter a informação acerca da gravidade do vírus e da forma como ela varia ao longo do tempo, é fácil fazer juízos destes. Critica-se se houve precaução a mais, critica-se se houve precaução a menos. É fácil.
O que é difícil é saber como agir quando ainda não se conhece o perigo. Que nível de precaução tomar, que custos são aceitáveis, sobretudo quando sabemos que as estimativas que podemos fazer podem estar dramaticamente erradas.
Estas questões são recorrentes e os comentários que depois frequentemente se fazem ("bem que me parecia", "eu bem te disse", "eu sempre achei isto", etc) apenas revelam que se apostou sem uma base sólida, o que também é muito fácil de fazer quando não se tem a responsabilidade de decidir.
Os críticos devem basear o seu julgamento no conhecimento que havia na altura dos acontecimentos e não naquele que existe a posteriori, isto se querem discutir realmente se as decisões tomadas foram ou não as mais correctas.
Os investigadores do King`s College declararam que o Ponto G não existe e Alberto Manguel e Gianni Guadalupi escreveram uma nova entrada no "Dicionário de Lugares Imaginários". Depois de, na semana passada, se adensarem as suspeições sobre o papel das farmacêuticas no temor e tremor pandémico, só falta virem dizer que o vírus da gripe A é uma ficção. É que o Borges já cá não está para aduzir mais uma entrada ao seu "Dicionário de Seres Imaginários."
UMA ACHEGA
Não é que Luís Januário, que não conheço, precise disto; mas diga-se alguma verdade. Ou, se quiserem, digo a minha opinião.
Desde muito cedo que para a grande maioria dos profissionais da Saúde a “pandemia” se afigurava uma grande treta. Há hospitais onde apenas 13 a 14% do pessoal ― todo o pessoal: do de limpeza à classe médica ― se vacinou; tal a credibilidade que lhes mereceu a declaração da “pandemia”. Inclusive houve serviços de urgência abertos ao exterior onde mais de 95% do pessoal que atendia o público não usava máscaras de protecção. Talvez isso tenha contribuído para travar a "pandemia".
Aliás, eu próprio, desde 28 de Abril de 2009 que vim brincando com o tema, em postas cujos links estão mais abaixo, que coloquei na Internet, pois, constatei rapidamente, através de dados fornecidos oficialmente, e através, sobretudo, de tomadas de posição de alguns epidemiologistas de renome mundial, que não embarcaram na “brinacadeira”, que era (e foi pelo menos para mim) mais credível estarmos em presença de um embuste (deliberada ou acidentalmente criado) para fins que poderiam ser muito bem políticos, e ou económicos, e ou afins.
Links
28/04/2009
http://africaminha.blogspot.com/2009/04/da-gripe-suina.html
02/05/2009
http://africaminha.blogspot.com/2009/04/uff-ja-nao-ear-sem-tempo.html
05/05/2009
http://africaminha.blogspot.com/2009/05/pois-e.html
OUTRA ACHEGA
Notícia saída hoje no jornal "i".
«Wolfgang Wodarg, presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, diz que a Gripe A foi uma falsa pandemia e que é “um dos maiores escândalos médicos do século.”
O Conselho da Europa discute hoje o modo como a Organização Mundial de Saúde encarou a gripe A e o presidente da comissão parlamentar teceu duras críticas ao modo como o mundo gastou dinheiro na compra das vacinas.
O médico, especialista em epidemiologia, disse em declarações à TSF que “o diagnóstico era falso e custou muito dinheiro.” Wolfgang Wodarg considera que este foi um negócio par aa indústria farmacêutica e que é escandaloso.
Segundo o responsável europeu, a resposta dos governos fez com que os cidadãos perdessem “a confiança na OMS” que deve agora repensar as respostas a este tipo de situações dado que em relação à gripe A foi dado “um alarme desnecessário.”
Wolfgang Wodarg diz ainda que é desnecessário vacinar grávidas e crianças porque “deve encarar-se como uma gripe normal.”»
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Diria que estes comentários ainda não são depois, mas durante a perigosa pandemia - ou já não se subscreve a ideia das duas fases com três meses de intervalo, previstas com 15 dias de antecedência, etc e tal... Portanto estamos a falar com plena noção das responsabilidades. O que esta gripe demonstrou, para mim, foi o caos do que é um sistema de saúde controlado pela saúde pública, o que infelizmente está insidiosamente a aumentar entre nós, noutras áreas que não só a da gripe. Principalmente se o poder absoluto lhes fôr parar ás mãos: veja-se o caso de Correia de Campos, estudioso e teórico competente, desastroso como ministro. Nisto da saúde dá muito geito conhecer a cara dos doentes ...
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