14 abril 2010

Sem chaves e às escuras

Era um desses dias em que tudo sai bem.
Tinha limpado a casa e escrito
dois ou três poemas que me agradavam.
Não pedia mais.

Então saí para o corredor para despejar o lixo
e atrás de mim, uma corrente de ar
fechou a porta.
Fiquei sem chaves e às escuras
ouvindo através das portas
as vozes dos meus vizinhos.
É transitório, disse para comigo;
mas também assim poderia ser a morte:
um corredor escuro,
uma porta fechada com a chave dentro
o lixo nas mãos.

Fabián Casas
Boedo, Argentina, 1965
de El Salmón, 1998

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1 Comentários:

Blogger anauel disse...

Isto é bom, muito bom, caramba!

Obrigado.

quarta-feira, abril 14, 2010  

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