A mulher. As pedras
Lala Meredith Vula
Alguns meios de comunicação relataram o drama de Sakineh Ashtiani, uma iraniana que, acusada de adultério, incorre na pena de lapidação.
O jornal El País explicava em que consiste a pena, descrita em vários artigos do Código Penal Iraniano. Dispenso-me de transcrever essa barbaridade medieval embora pense que os iluminados relativistas de esquerda e de direita os deviam ter como leitura obrigatória e castigo da distracção estival. Seja como for: a lapidação é uma forma abjecta de tortura e morte e a penalização do adultério das mulheres uma marca do atraso das sociedades em que o islamismo é religião oficial. A vigilância da sexualidade das mulheres e o seu sequestro doméstico é uma das facetas da negação dos direitos das mulheres pelo Islão contemporâneo. A demissão dos políticos e dos intelectuais dos países islâmicos deste combate civilizacional e o medo ou o silêncio cúmplice dos ocidentais são dois aspectos da mesma questão, que assombra os nossos dias. Neste momento uma mulher cujo nome conhecemos e outras, anónimas, podem ser “enterrada(s) até acima dos seios” (art 102) e apedrejadas “com pedras que não podem tão grandes que matem ao primeiro golpe, nem tão pequenas que não possam ser chamadas de pedras” (art 104).
Etiquetas: Irão
6 Comentários:
Sem comentários para essa barbaridade que chamam de justiça.
Simplismente me dói pensar.
Um horror!
Nunca é demais lembrá-lo.
~CC~
Mas quem disse que as mulheres valem muito seja lá onde for? Quantas mulheres morrem por ano no mundo vítimas de violência doméstica, sem que um vizinho faça uma queixa. Simplesmente nuns países a sociedade é conivente legalmente e noutros não. Ontem num programazeco de TV uma mulher contava como o ex-marido a espancou com um bastão de basebol e a deitou inconsciente num caixote do lixo. Creio que esse senhor ocidental tinha mais noção da transgressão que os senhores do Irão que tem uma noção da mulher enquanto cidadã bem diferente.
Que se faz hoje para protestar, uma página no facebook e várias fotografias a dizer I like. Uau.
nunca é demais lembrá-lo, sim.
Subscrevo completamente o post. Relativizar (como faz a comentadora Lívia) é pactuar. Só falta contrapor (como tenho visto abundantemente) que não se deve apontar o dedo ao Irão porque os israelitas são assim ou assado. É absurdo. Confundir a violência doméstica com esta barbaridade penal levada a cabo por um Estado é aceitar que tudo se justifica em nome de supostas idiossincrasias culturais ou locais. De uma forma ou de outra, são dois crimes a condenar e a combater. E a realidade iraniana é pior do que a agora anunciada: http://www.elpais.com/articulo/internacional/mujeres/hombres/esperan/ser/lapidados/Iran/elpepuint/20100714elpepuint_16/Tes
Caro J. não estava a relativizar o problema, mal de mim, nem a confundir dois crimescontra a humanidade diferentes, simplesmente a enquadrá-los num contexto geral do que é ser-se mulher e de quão pouco isso pode valer, seja lá onde for. Mas neste país, como em muitos aliás, existem pessoas que só conseguem dar a sua opinião através da destruição de uma outra alheia, imagino que seja uma espécie de auxiliar de raciocínio. Nem tudo está perdido antevejo-lhe um futuro brilhante como político demagogo. O PSD está a recrutar alminhas, aproveite. A próxima vez que nos cruzarmos na blogosfera faça o favor de pensar pela sua própria cabecinha e não me pise os calos.
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