GARANTIAM
um modo de transporte ecológico, moderno, confortável e seguro com uma adequada oferta de serviço e que promova a mobilidade da população.
Punham a A DECORRER CONCURSOS de
• Material Circulante
• Construção da Infra-estrutura no troço São José - Alto S. João
• Sinalização
• Telecomunicações
• Energia e Subestações
• Construção da Infra-estrutura no troço Coimbra B - Portagem
Demoliram casas da gente pobre da Baixa da cidade
diagnosticaram uma grave maleita aos plátanos do Parque
árvores centenárias que tinham sobrevivido a cem anos de queima
das fitas ao mijo tóxico de vinte gerações alcoolizadas
de futuros dirigentes
e tinham visto os olhos dos suicidas de Coimbra
quando se deitavam à linha
como no Alentejo se empurrava o banco
debaixo do sobreiro
e no Porto se saltava
do tabuleiro da ponte D. Luís.
A doença grave eram eles.
Organigrama da Metro Mondego, gestores, administradores,
secretários, representantes das autarquias e do Governo,
empreiteiros, juristas. Gente do organigrama
e do abate de plátanos, do machado e do camartelo,
gente que sabe tourear o IPPAR e os impactos ambientais,
gente fina das CCRs,
das Fundações, latoeiros,
industriais do lixo,
gente que vai na fila da frente nos vôos para Bruxelas
e fala alto ao Telemóvel do Alfa Pendular
sucedendo-se nos Conselhos de Administração, na Comissão Executiva,
nas chefias do Departamento Administrativo e
Financeiro
tanto engenheiro que custava a crer que tanto engenheiro
houvesse
e entretanto
do outro lado da história as mulheres com os filhos
isto é uma história de mulheres e de crianças
ao tricot, ao sono da manhã, à conversa
ou simplesmente ao compasso das travessas
ou na pressa do regresso
ofegante galgando o fim de tarde
as mulheres de Miranda
de Serpins
de Vila Nova
da Lousã
do Meiral
uma delas desenhando
as caras das mulheres
de Corvo
de Lobazes
da Tremoa.
Agora vêm na carreira
tão enjoadas que deixaram de poder
ler conversar tão agoniadas nas curvas tão cheias de poeira
tão quebradas nos saltos
Haverá o dia
vejo-o claramente
que nos cepos de todas as árvores sacrificadas
Vossas Excelências
à saída do Conselho Geral do Partido da Salvação Nacional
surpreendidos pela situação
voluntariamente e para espanto da turba
quererão engolir os cronogramas provisionais
os videos promocionais
e o próprio material circulante
nesse dia pedirão desculpa à gente
do ramal da Lousã
e os vossos pedidos
não serão aceites
não serão ouvidos
para a Blue
8 Comentários:
Allez!
obrigada Luís.
dás-me voz, dás-nos voz. aos utentes do ramal e a tantos outros. obrigada.
Tempos houve em que se pedia desculpa; agora, já não. E, com ou sem pedido, o mal está feito.
(O texto, esse, embora triste, é excelente.)
prosa tristemente verdadeira acerca do nojo
ainda não foi feito nenhum documentário acerca deste assunto?
vou divulgar... grata!
Não só uma linha útil e necessária, como uma das mais bonitas e únicas. Fiz muitas vezes Coimbra-Serpins. E não sabia que as coisas estavam assim agora, se puder junto a voz a algumas outras, não sei bem como, mas que fique aqui em forma de letra.
~CC~
Obrigada por falar por tanta gente que tras a revolta na voz, mas não há quem as ouça... Poema bonito que reflete uma realidade tão feia : a falta de respeito dos governantes eleitos pela ingenuidade do Povo... Por mais desculpas que um dia (muito remoto) nos venham a pedir.. isto é simplesmente indesculpável...
Pesado e firme, necessário para marcar o compasso num enterro onde o "morto" (Ramal) parece querer apontar dedo na direcção de uma "confraria" engordada à pala de projectos de cartão que nos sufocaram o comboio.
Muito obrigado, Vítor Simões
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