21 novembro 2010





Eu não estive na manifestação. Mas posso ter uma ideia aproximada do que se passou a partrir de três relatos: o ponto de vista da polícia, que Paulo Moura, acolitado pelo especialista americano em contagem de multidões, transmite no Público, a reportagem da sic e o texto de José Neves no Vias de Facto.Não estive na manifestação porque a minha forma física actual não recomenda ficar muito tempo com o joelho de um polícia nas costas. Depois porque não saberia onde me integrar: como é que se pode ter um pensamento original e participar numa manifestação que leva à frente o serviço de ordem do PC? Se estivesse nas margens escolheria o sector dito anarquista. As pessoas pareciam mais bonitas e a sua indignação mais genuína. Mas toda a multidão tem por detrás o seu maître a penser, o seu organizador, o que confere um sentido global ao conjunto de opiniões. E não poderia ficar um segundo como figurante da estratégia islamofila do Renato Teixeira.

Dito isto, importa considerar que a manifestação foi parte da encenação do Parque das Nações. O sistema político ocidental transporta ainda como reliquat estes epifenómenos, através dos quais se mostra uma esquerda moribunda, impotente, pavloviana que nem sequer o sistema político constitucional sabe utilizar (como sugere José Neves seria uma exigência prioritária levar o sinistro Anes ao Parlamento).
A gente comum, os europeus que dos escombros deste saldo hão-de construir ou não uma outra coisa, ficaram em casa, desviados por Sacavém.

*Sobre este tema veja-se também o interessante diálogo entre Zé Neves e Vítor Dias (lui-même) na caixa de comentários de Vias de Facto.

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